EUA e Europa se questionam até quando podem se dar o luxo de ajudar Kiev enquanto Putin pensa no futuro

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, durante entrevista coletiva em Kiev - Roman Pilipey - 24.nov.23/AFP



Quando a Rússia deu início à invasão, em fevereiro de 2022, a coragem, a determinação e a habilidade dos combatentes ucranianos rapidamente capturaram a imaginação da Europa e dos Estados Unidos.

Quando as forças russas foram forçadas a abandonar os planos de obter uma vitória decisiva, os líderes ocidentais passaram a ajudar Kiev. Desde o início, as autoridades americanas e europeias trabalharam arduamente para evitar uma expansão da guerra que levasse a Otan a um conflito direto com a Rússia, mas a assistência militar, financeira e humanitária do Ocidente começou a fluir em volumes cada vez mais impressionantes.

Mas 21 meses de guerra deixaram claro que a Ucrânia também não pode obter uma vitória rápida. As forças russas ainda ocupam cerca de 18% do território ucraniano e, embora as ameaças a outras partes do país tenham se limitado a ataques de mísseis e drones, a contraofensiva da Ucrânia não conseguiu mudar a guerra. Na parte ocupada da Ucrânia e em Moscou, os russos tem se preparado para uma guerra de atrito em que Putin acredita que suas forças estão mais bem equipadas que as de seu rival.

Esse cenário levantou novas questões nos Estados Unidos e na Europa sobre por quanto tempo eles podem se dar ao luxo de ajudar. Embora os líderes ocidentais possam ver que Putin tem atualmente pouco incentivo para negociar com Volodimir Zelenski, eles começaram a pressionar em particular para a abertura de negociações.

Nos EUA, um número crescente de republicanos adotou as visões isolacionistas de Donald Trump, provável candidato presidencial em 2024, de que a Ucrânia está se aproveitando de autoridades ingênuas da administração de Joe Biden e de contribuintes americanos sobrecarregados.

Além disso, muitos legisladores republicanos veem a ajuda à Ucrânia como uma moeda de troca legislativa que eles podem usar para forçar os democratas a fazer concessões em outras questões. E, dado o ceticismo de Trump em relação ao valor das alianças dos EUA e da Otan, a continuação da ajuda militar e financeira à Ucrânia será um ponto de tensão nas eleições dos EUA do próximo ano.

Fonte:FSP 

Ian Bremmer

Fundador e presidente do Eurasia Group, consultoria de risco político dos EUA, e colunista da revista Time.